Sororidade é tão fácil de aplicar na pratica quanto é na teoria?
- psicologafrancini
- 14 de set. de 2016
- 3 min de leitura

Tem situações em que sentimos a necessidade de conversar, compartilhar, ouvir e sintetizar experiências com alguém que consiga nos entender, que tenha passado pela mesma situação que nós ou simplesmente tenha empatia pela gente.
A Sororidade entre as mulheres tem esta proposta, em definição, Sororidade é a união entre as mulheres baseado na empatia e companheirismo.
Mas será que esta irmandade proposta acima ocorre com frequência entre as mulheres? Será que aprendemos a olhar a nos olhar de um jeito harmônico, sem rivalidade?
Vamos refletir sobre isso analisando o caso da Ana.
Ana se interessa por assuntos ligados ao feminino, esta atenta aos grupos do facebook e os outras mídias sociais buscando maiores informações sobre o empoderamento feminino e se mantem atualizada sobre o assunto, principalmente em um grupo do whatsApp só para mulheres, neste grupo aproveita para compartilhar seus conhecimentos e aprender algo mais.
Ana entende que o tema “mulher” não se resume a teoria apenas, necessita também de atitude. Uma forma que ela encontrou de atuar foi não deixar principalmente nenhuma mulher sem resposta, por mais boba que a pergunta tenha sido, se empenhava ao máximo para ajudar as mulheres ao seu redor, dialogava com o máximo de suas habilidades e todo este cuidado também foi direcionado para as colegas do whatssapp.
Certo dia Ana resolveu escrever algumas linhas sobre seus pensamentos a respeito da mulher. E para ter certeza que de a mensagem estava sendo passada de forma clara e de fácil entendimento, pediu para que vários de seus amigos entre homens e mulheres lessem seus textos e dissessem o que eles acharam, levando em consideração os tópicos citados acima.
De todas as respostas que ela obteve, 50% foram dos homens, 70% das amigas mais próximas, e simplesmente nenhuma do grupo do facebook no qual só tinham amigas e mulheres, nenhuma resposta de um grupo que foi desenvolvido para empoderar as mulheres.
Ana se ressentiu muito com a ausência de respostas das colegas e amigas do grupo, e o ressentimento não foi pelo retorno de não ter tido opiniões doces e elogios, e sim por não ter tido resposta alguma. Nem uma única palavra, este silêncio fez com que Ana se sentisse invisível.

O caso de Ana não é um fator isolado. Eu já passei por situações semelhantes a esta e acredito que outras mulheres também já passaram. Quantas mulheres invisíveis existem por aí? Quantas vezes buscamos apoio e compreensão em outras mulheres, colegas e amigas e só encontramos silêncio e ausência.
De forma alguma digo que as pessoas têm a obrigação de dar feedback nas produções de outras pessoas, contudo, da mesma forma que aquele que recebe uma solicitação tem direto de não responder, aquele que solicita tem o direito de uma resposta, principalmente se a relação entre eles for de amizade, pois, em todos as relações existe uma troca, gentileza e consideração, exatamente o que ocorre como gostamos de ser tratados.
O caso de Ana foi verídico e poderia ter ocorrido com qualquer uma de nós. Este caso me fez pensar que ao falarmos das feridas emocionais que uma mulher sofre, logo pensamos nas feridas causadas pelo masculino, mas há chagas causadas de uma mulher para a outra.
Para vivermos a Sororidade precisamos nos desprender de alguns grilhões que introjetamos como: mulher sempre rivaliza com mulher, não compartilhe seus projetos com outra mulher, o que outra mulher faz não é tão importante que mereça atenção e assim por diante.
No exemplo da Ana, ela se doou em suas relações inclusive com as amigas do grupo e o silencio transmitiu a Ana a sensação de desvalorização, o que ela escreve não tem valor, a doação e a amizade dela não tiveram valor, tanto que foi deixada falando sozinha. Mesmo que tenha sido escolha de Ana se doar, Ana espera atenção em troca.
Para garantir que teremos um feminino empoderado é importante analisarmos se o nosso discurso está alinhado com nosso comportamento. Empoderamento é ver as mulheres como possíveis amigas em potencial, que vão concordar, concordar em discordar, brigar, contudo, é também ter humildade para reconhecer que errou, coragem para realizar as alterações emocionais necessárias para estabelecer uma boa relação, serenidade para entender o que não se pode mudar e acima de tudo empatia para tratar a mulher ao seu lado, como você gostaria de ser tratada.
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